sábado, 6 de março de 2010

Palestra no RIO de Janeiro


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Fui convidada para ser uma das palestrantes deste evento, onde vou falar para os professores presentes dicas de como ensinar alunos autistas.
A entrada é franca, mas é necessário se cadastrar pelo e-mail: contato.cissaude@gmail.com
ou tel: 2290-1004.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Jenny McCarthy recupera filho com autismo


Jenny McCarthy atriz e namorada do ator Jim Carrey disse que acredita que o autismo do seu filho foi desencadeado por vacinas que ele recebeu quando era um bebê - e ela ajudou a aliviar a condição alterando sua dieta.

Evan, filho de Jenny com o ex-marido John Asher, foi diagnosticado com a doença em 2005, quando tinha três anos de idade, recentemente Jenny escreveu um livro sobre o tema relatando sua experiência, "Louder than Words: A Mother's Journey em Healing Autism".
No programa de entrevistas Larry King ela disse recentemente: "Muitas dessas crianças têm Cândida, que é supercrescimento de levedura. Depois que eu limpei o intestino do Evan colocando para fora toda a Candida - e eu vou dizer isto muito claramente - ele se tornou uma criança típica". "Ele começou a falar completamente. Seu desenvolvimento social retornou. Ele está agora em uma escola para crianças típicas. Ele está entendendo tudo muito melhor. E a minha história não é a única. "

"Em 1983, o calendário de vacinas era de 10. Dez vacinas dadas. Atualmente, há 36, e um monte de gente que não sabe disso. Não acredito que as vacinas sejam a única causa para o autismo. Eu acredito que elas possam ser um gatilho. Há alguma coisa que enfraquece o sistema imunológico dessas crianças, e elas talvez não possam processar as vacinas. "
"Eu não acho que sejam exclusivamente as vacinas. Acho que são as toxinas que existem no ambiente e os pesticidas. É como uma espécie de acúmulo de fatores. Se você puder encher um balde de todas as coisas que acontecem com essas crianças, se elas tiverem um fraco sistema imunológico, claro que toda esta porcaria vai sobrecarregar ".


Notícia extraída do site Fametastic

quarta-feira, 3 de março de 2010

O Fantástico Tito Rajarshi Mukhopadhyay

LEIAM COM ATENÇÃO! ELE É FANTÁSTICO!


Um Enigma Transparente
Madhusree Mukerjee Scientific American junho/2004 Tradutor: Roberto Bech, para a Comunidade Virtual Autismo no Brasil

Autistas de baixo desempenho não costumam brincar, escrever ou expressar de maneira criativa uma rica vida interior. Mas eis que surge Tito Mukhopadhyay


Sete da manhã, um apartamento comum em Hollywood, Califórnia. Tito Mukhopadhyay toma leite e cereal, curvado sobre a tigela do café da manhã. Seu olhar passeia pelo aposento e sua mão treme. Quando ele acaba o café, sua mãe, Soma Mukhopadhyay, ergue-o da cadeira e o leva até o chuveiro, entrando de tempos em tempos quando ele pede ajuda, gritando. Enfim Tito surge, vestido, e curva-se diante da pequena Soma para que ela penteie seus cabelos negros e cheios. De repente ele sai pela porta e acelera pelos corredores até ganhar céu-aberto. Ele sacode as mãos, absorto, enquanto a luz dourada do sol brilha em seu rosto.

Mais tarde eu pergunto a ele: "Você gostaria de ser normal?" Com letras mal-traçadas, mas compreensíveis, ele escreve: "Por que eu deveria ser Dick e não Tito?"


Aos 15, Tito dá todos os sinais do clássico autismo de "baixo desempenho". Anos atrás na Índia, um médico disse aos pais que o garoto não era capaz de entender o que se passava ao seu redor. " 'Eu entendo muito bem', disse o espírito no garoto", ele relatou em The Mind Tree (A Árvore da Mente), livro que escreveu entre os oito e os doze anos (Tito costuma referir-se a si mesmo na terceira pessoa). Ele escreveu sobre suas duas diferentes personalidades: uma "pensante, cheia de aprendizados e sentimentos" e uma "agente, estranha e cheia de ações" que ocorrem de maneira involuntária.







A inteligência autista varia muito, indo de acentuado retardamento à síndrome de savant. Tito une uma extrema incapacidade neurológica com a capacidade de escrever ¿ e por isso pode contar ao mundo sobre sua bizarra condição íntima.

Tito já se pôs diante de um espelho, tentando falar, implorando a sua boca que se mexesse. "Tudo que sua imagem fazia era olhar de volta", ele escreveu. Pais de autistas costumam confundir a indiferença deles com teimosia; os escritos de Tito desmentem. Ele tem dificuldade em controlar seus movimentos, e fala por grunhidos quase incompreensíveis, que sua mãe quase sempre precisa traduzir. Ele "se via como uma mão ou uma perna e girava para que todas as suas partes se juntassem", explica Tito sobre outra atividade típica, a rotação. Girar as mãos o ajuda a ter mais consciência das sensações de seu corpo.

Fortes impulsos sensoriais conflitantes parecem perturbar os autistas, que reagem desligando um ou outro sentido, como nota o neurologista Yorram S. Bonneh do Weizmann Institute of Science de Rehovot, Israel. Tito, por exemplo, não consegue ver e ouvir alguém ao mesmo tempo, e por isso evita olhar nos olhos - uma característica comum aos autistas. Em 2001, Bonneh e sua equipe descobriram que se Tito visse um flash de luz vermelha ao mesmo tempo em que alguém dizia "azul", ele respondia "eu vi azul" ou "estou confuso". Ele tem uma hierarquia de sentidos: a audição anula a visão, e ambas extinguem o tato. Por vezes seus dedos não sentiam nada. Efeitos surpreendentes como esses permaneceram ocultos até agora, já que autistas de baixo-funcionamento não costumam cooperar com pesquisadores.

Todas essas interferências levaram a um "mundo fragmentado percebido através de sentidos isolados", escreveu Tito. Ele compreende o mundo pela leitura ou quando sua mãe lê para ele - física, biologia, poesia. "É graças ao meu conhecimento dos livros que pude dizer que o ambiente era feito de árvores e ar, vivos e não-vivos, isso e aquilo", ele escreveu. Nascido na Índia, Tito aprendeu a se comunicar graças aos incansáveis esforços de sua mãe. Vivendo só com seu filho em cidades indianas que se orgulham de seus especialistas em autismo (o pai de Tito trabalhava em uma cidade distante), Soma Mukhopadhyay, química e educadora, tentou de tudo para que sua estranha criança reagisse. Quando um especialista disse que Tito era retardado, ela chorou lágrimas amargas e foi a outro médico. Seu primeiro sucesso com Tito veio quando ele olhava para um calendário; ela apontou os números, dizendo-os em voz alta. Em uma semana, antes de completar quatro anos, Tito aprendeu a somar e subtrair números e a compor palavras apontando números e letras em um quadro.

Os especialistas acharam que era um truque; então ela o ensinou a escrever. Ela amarrou um lápis à mão dele e o ajudou a traçar o alfabeto até que ele o fizesse sozinho. Ainda assim, ela o observa com profunda intensidade e estala os dedos quando os pensamentos de Tito se perdem - o que acontece a toda hora durante minha visita. Ele parece ser acometido de eventuais sobrecargas neurais. Se ela não interferisse, explica Soma, ele escreveria palavras de outra sentença no meio daquela que já havia começado.





"Vai ser muito, muito difícil reproduzir o método, prediz Richard Mills da National Autistic Society de Londres, que encontrou Tito em Bangalore e o introduziu ao mundo ocidental. Soma agora trabalha com diversas crianças em Los Angeles, usando seu "método da sugestão rápida", com um sucesso espetacular. Ela se comunica usando o canal sensorial que estiver aberto na criança, e ele ou ela responde apontando letras ou figuras. Muitas vezes ela toca a mão ou o ombro delas (de acordo com Tito, o toque faz a criança sentir aquela parte do corpo e controlá-la), e as interrompe quando os pensamentos delas se perdem. Infelizmente, aponta Mills, todo dia surge um novo tratamento para autistas que acaba desaparecendo, e o método de Soma ainda não foi validado pela ciência.



Mesmo que possam se comunicar, poucos autistas devem revelar personalidades tão complexas como a de Tito. Um dia, ele escreveu, as coisas se tornaram transparentes: "Primeiro um quarto transparente, depois um teto transparente... e um reflexo transparente de mim mesmo mostrando apenas as cores do arco-íris do meu coração." Por muito tempo os especialistas acreditaram que autistas não tinham imaginação e introspecção. Lorna Wing, também da National Autistic Society, explica que essas qualidades estão presentes mas enfraquecidas - autistas não costumam se interessar por outras pessoas.



A hierarquia dos sentidos - audição acima da visão e esta acima do tato - leva a um "mundo fragmentado percebido através de órgãos de sentidos isolados".



Uma teoria popular defendida por Uta Frith do Medical Research Council de Londres, afirma que os autistas não tem uma "teoria da mente" intuitiva -ou seja, não "sacam" as intenções das pessoas. Não percebendo sutilezas e ironias, eles são austeros e sem humor. Temple Grandin, da Universidade de Illinois, por exemplo, é uma autista de alto desempenho cuja fenomenal capacidade de visualizar e compreender os sentimentos das vacas levaram-na a criar matadouros mais humanos. Em seu fascinante livro Thinking in Pictures (Pensando em Figuras, sem tradução no Brasil), Grandin afirma que pode compreender e até mesmo enganar os outros. Entretanto, essa compreensão vem com um constante esforço intelectual: ela estuda pessoas como primatologistas estudam chimpanzés.



Em seu livro, Grandin soa um pouco mecânica - já Tito, pelo contrário, parece uma criança estranhamente criativa e perceptiva, com a qual coisas muito estranhas acontecem. A teoria da mente não se aplica a Tito, afirma Michael Merzenich da Universidade da California, em San Francisco. Wing rebate que os que usam a linguagem com facilidade, como Tito, se saem bem em testes da teoria da mente. Mas mesmo Tito, ela diz, tem problemas em aplicar sua teoria da mente para se comportar de maneira apropriada em situações sociais complexas.



À tarde, indo de carro para a praia, a conversa chega a Darwin. "Você devia dizer que os autistas são os humanos mais evoluídos", opina Tito. "É uma mutação recente". Eu protesto, surpreso com a afirmação. "Só estou brincando. Não posso brincar?" ele responde abruptamente - fui eu que não entendi. Depois ele diz que eu deveria pôr em minha reportagem a "parte da brincadeira, porque tem a ver com a teoria da mente".


A praia está fria, venta e está escuro, mas Tito segue andando. Depois de o mandar parar, sua mãe levanta a bainha das calças dele. Ele gosta "da água, do som e do ar" da praia, ela explicaria depois. "Eu sempre gosto do ar". Fitando o negro e vasto oceano, Tito permanece com os pés cobertos pela areia e pela espuma das ondas, sacudindo as mãos.


Madhusree Mukerjee, ex-redator (da Scientific American), é o autor de The Land of the Naked People: Encounters with Stone-Age Islanders (A Terra das Pessoas Nuas: Encontros com os habitantes da Ilha da Idade da Pedra - Houghton Mifflin, 2003).

terça-feira, 2 de março de 2010

Breno - O poliglota


Breno adora assistir a seus desenhos favoritos em outras línguas. Ele baixa videos no youtube dos desenhos em espanhol, francês, inglês...

Eu escuto as gargalhadas dele enquanto assiste.

Outro dia estávamos em um supermercado e ele me perguntou:

- mãe como é feijão em inglês?

- Não sei filho. Como é?

- frejoles

- Ah então você falou feijão em espanhol e não em inglês.


Ontem ele estava assitindo ao desenho do Mickey e eu perguntei:

- Esse desenho está em que língua? É espanhol?

- Não mãe. É em French

- Hum...você está assistindo em francês!


DEsde os 2 anos de idade ele conta em inglês e português. Não estou dizendo que ele entenda outras linguas, mas percebo que é uma área de interesse dele. E quem sabe futuramente ele vai ter domínio de outras línguas.


Ultimamente Breno tem tido compreensão de muitos assuntos. E muitos voltados para a ciência, é claro que dentro da faixa etária dele. Mas sempre que percebo que algum assunto lhe desperta o interesse eu estimulo.


Eu estava lendo sobre o son-rise, vendo uns vídeos... Basicamente pelo que eu entendi o método é brincar. E as crianças que eu vi todas eram verbais. A minha curiosidade é se funciona em uma criança não verbal e de comprometimento maior. Particularmente não vejo o método como um milagre, porque cada criança tem o seu tempo de despertar próprio. As brincadeiras sempre foram de extrema importância, sim. Eu brinco muito com o Breno. Mas não vejo a necessidade de se trancar por horas com uma criança numa sala. Se você brincar com a criança em horas de lazer, colocar a criança pra te auxiliar em alguma tarefa, ou até mesmo, ensiná-la a brincar com outras crianças, você terá resultados excelentes também. A socialização, o convívio com o mundo exterior é que tem que ser explorado.

Abordagem pra mim é algo muito individual. Quando se trata de autismo não se pode intitular regras, pois apesar das semelhanças cada um tem sua personalidade e grau de comprometimento. E esse entendimento falta até nas escolas. Como é difícil conseguir uma escola. E quando encontra ....

Se a criança se agita, tira da sala de aula. Se a criança não consegue copiar do quadro, tira da sala de aula, sala de recurso. OU seja, é mais segregação do que inclusão.

Cansei! Escola pra mim agora é só socialização. A professora dele agora sou eu. Todos os dias fazemos atividades. Dou aula de pôrtuguês, matemática, ciências, história, geografia, ingles e espanhol.

Fico desgastada as vezes, porque minha vida social acaba ficando de lado. Eu vivo mais em funçaõ do autismo do que em mim. Mas enfim... apesar de tudo meu filho é meu maior orgulho. O sorriso dele me quebra, os beijinhos dele me derretem, não vivo sem meu bebê poliglota,rsrsrs.


DEZ FATOS SOBRE O AUTISMO

DEZ FATOS SOBRE O AUTISMO

Pais de crianças autistas rapidamente se tornam autoridades no assunto, mas e quanto aos parentes, professores, treinadores, primos? Pouca gente, além da família mais próxima, tem vontade de ler 20 páginas escritas pelos órgãos de saúde. Este pequeno artigo traz uma leitura rápida para quem deseja saber mais.

1—Autismo se apresenta como um espectro.
A pessoa portadora de autismo poderá tê-lo em grau mais leve ou mais acentuado. Assim é possível ser um orador ser brilhante em outras atividades, como também pode ter limitação intelectual e ser pouco falante. Um mal que abrange tão larga margem de sintomas é chamado de “espectro autista”. O mais significativo sintoma é a dificuldade de comunicação social.

2—Síndrome de Asperger é uma forma de autismo.
A síndrome de Asperger é considerada uma parte do autismo. A única diferença significativa é que as pessoas portadoras da síndrome de Asperger desenvolvem a capacidade da fala no devido tempo e aquelas portadoras de autismo demoram mais para falar. Pessoas com Asperger são, geralmente, capazes e bem falantes, mas têm dificuldade no contato social.

3—Portadores de autismo são diferentes entre si.
Se você assistiu “Rain Man” ou algum programa de TV sobre autismo, pensará que sabe como é o autismo. Na realidade, quando você conhece um autista, você conhece UMA pessoa com autismo. Alguns são faladores, outros calados, muitos sofrem com problemas gastrointestinais, dificuldades para dormir etc.

4—Há vários tratamentos para o autismo, mas não há cura.
Até onde alcança a ciência médica, não há, no presente, cura para o autismo. Mas, não se diga que não há melhoras, pois muitos autistas melhoram muito. De qualquer modo, mesmo com melhoras significativas, continuam a ser autistas, o que significa pensar e compreender de forma diferente de outras pessoas. Crianças com autismo podem receber diversos tipos de tratamentos, que poderão ser médicos, comportamental, de desenvolvimento e até baseado nas artes. Dependerá da criança qual o tratamento que lhe trará mais sucesso.

5—Há muitas teorias sobre as causas do autismo, mas não há consenso a respeito.
Você poderá ter visto ou ouvido notícias sobre possíveis causas do autismo. As teorias vão desde o mercúrio existente nas vacinas das crianças à causas genéticas, a idade dos pais e muito mais. Atualmente, a maioria dos pesquisadores pensa que o autismo é causado por uma combinação de fatores genéticos e fatores ligados ao meio ambiente e é possível que os sintomas que afetam diferente pessoa tenham causas distintas.

6—O autismo é um diagnóstico para a vida toda.
Muitas vezes, mas não sempre, o tratamento precoce do autismo faz com que os seus sintomas diminuam consideravelmente. Portadores de autismo são capazes de aprender habilidades que os ajudam a suplantar suas dificuldades. Mas, uma pessoa com autismo, provavelmente será autista por toda a vida.

7—Família com pessoa autista precisa de ajuda e apoio.
Mesmo o autismo “leve” é um desafio para os pais. O “grave” pode ser difícil de suportar. As famílias poderão sofrer uma tensão muito forte e necessitarão do apoio de todos. Uma grande ajuda é cuidar do autista enquanto aqueles que o fazem permanentemente possam relaxar um pouco.

8—Não há a “melhor escola” para uma criança com autismo.
Você pode ter ouvido falar de uma “escola maravilhosa” para autistas ou poderá ter lido o excelente desempenho de uma criança numa determinada sala de aula. Enquanto uma sala pode ser perfeita pra uma determinada criança, cada portador de autismo tem suas necessidades próprias. Incluir uma criança numa turma regular poderá não ser a melhor solução; as decisões sobre a educação de um autista são geralmente feitas em reuniões dos pais, professores e terapeutas que conheçam muito bem a criança.

9—Há muitos mitos sobre o autismo.
A imprensa está cheia de histórias sobre o autismo e muitas não são verdadeiras. Por exemplo, você poderá ter lido que os autistas são “frios” e sem sentimentos ou que nunca se casam ou trabalham produtivamente. Cada autista é diferente do outro, logo não se pode estabelecer “regras” para todos.
Para compreender um autista, é aconselhável que se passe algum tempo junto a ele, ou ela, para realmente conhecê-lo.

10—Autistas têm habilidades e pontos fortes.
Pode parecer que o autismo seja um diagnóstico totalmente negativo, mas quase todos os autistas têm muito a oferecer ao mundo. Pessoas com autismo estão entre as mais sinceras, imparciais e apaixonadas que você encontrará. São candidatos ideais para muitas carreiras profissionais.

Top 10 Facts About Autism
By Lisa Jo Rudy, About.com
Created: June 21, 2007

segunda-feira, 1 de março de 2010

Molly - Experimentando a vida


Sábado eu assisti no Telecine Ligth a esta comédia dramática, fictícia, sobre uma jovem autista. Eu gostei bastante. Fica aí a dica!



Sinopse: Elisabeth Shue interpreta Molly, uma jovem autista que sai do período de internação e fica sob os cuidados de seu irmão, Buck (Aaron Eckhart). Ele permite que a irmã inicie um tratamento experimental. Molly se transforma em um gênio, com inteligência superior, para a surpresa de Buck. Mas esse progresso acaba sendo relativo, já que Molly não se livra completamente da sua extrema concentração autista. Buck e sua irmã enfrentam agora outro grande desafio.
Cenas do filme








domingo, 28 de fevereiro de 2010

Genes dos pais estão competindo

Genes do pai e da mãe afetam o desenvolvimento cerebral. Autismo e esquizofrenia podem ser causados pela "briga" genética.
Benedict Carey Do 'New York Times'

Dois cientistas, esboçando sobre seus próprios poderes de observação e uma leitura criativa de recentes descobertas genéticas, publicaram uma envolvente teoria de desenvolvimento cerebral que pode mudar a forma como são compreendidas as doenças mentais como autismo e esquizofrenia.

A teoria surgiu em parte do pensamento sobre os eventos, aparte de mutações, que podem mudar o comportamento dos genes. E ela sugere caminhos inteiramente novos de pesquisa que, mesmo provando que a teoria é falha, provavelmente oferecerão novas percepções à biologia da doença mental. Em um tempo onde a busca pelas falhas genéticas responsáveis pelas doenças mentais se tornou atolada em descobertas incertas e complexas, a nova idéia presenteia a psiquiatria com talvez sua maior teoria de trabalho desde Freud, e uma que é fundamentada em trabalhos na vanguarda da ciência.

Os dois pesquisadores – Bernard Crespi, biólogo da Universidade Simon Fraser no Canadá, e Christopher Badcock, sociólogo da Escola de Economia de Londres, ambos novatos no campo da genética comportamental – publicaram sua teoria numa série de recentes artigos de jornal. “A realidade, e imagino que os dois autores concordariam, é que muitos dos detalhes de sua teoria estarão errados; e continua sendo, neste ponto, apenas uma teoria,” disse o Matthew Belmonte, neurocientista da Universidade Cornell. “Mas a idéia é plausível. E dá a pesquisadores uma ótima oportunidade para a geração de hipóteses, algo que, na minha opinião, pode abalar o campo no bom sentido.” A idéia é, em linhas amplamente gerais, bastante direta. Crespi e Badcock propõem que um cabo-de-guerra entre genes dos espermas do pai e dos óvulos da mãe pode, efetivamente, desviar o desenvolvimento cerebral de uma ou duas maneiras.

Uma forte propensão em direção ao pai empurra um cérebro em desenvolvimento ao longo do espectro autista, com fascinação por objetos, padrões, sistemas mecânicos, em detrimento do desenvolvimento social. Uma inclinação em direção à mãe move o cérebro em crescimento ao longo do que os cientistas chamam de espectro psicótico, com a hipersensibilidade ao humor, seja o próprio ou o dos outros. Isto, de acordo com a teoria, aumenta o risco de uma criança desenvolver esquizofrenia mais adiante, assim como problemas de humor como distúrbios bipolares e depressão.Em resumo: o autismo e a esquizofrenia representam extremos opostos de um espectro que inclui a maior parte das doenças mentais desenvolvidas -- se não todas. A teoria não faz uso das muitas categorias distintas para doenças da psiquiatria, e daria uma dimensão inteiramente nova a descobertas genéticas. “As implicações empíricas são absolutamente enormes”, disse Crespi numa entrevista por telefone. “Se você encontra um gene ligado ao autismo, por exemplo, vai querer olhar o mesmo gene relativo à esquizofrenia; se é um gene de cérebro social, então seria esperado ter efeitos opostos nessas doenças, não importa se a expressão de gene estava ligada ou desligada”. A teoria se baseia pesadamente na obra de David Haig de Harvard. Foi Haig quem argumentou nos anos 90 que a gravidez era, em parte, uma luta biológica por recursos entre a mãe e a criança que ainda não nasceu. Por um lado, a seleção natural deveria favorecer as mães que limitam os custos nutricionais da gravidez e têm maiores descendências; por outro lado, também deveria favorecer os pais cujas descendências maximizam os nutrientes recebidos durante a gestação, instalando um conflito direto. A evidência de que essa luta está sendo travada no nível de genes individuais é acumulativa, mesmo que geralmente circunstancial. Por exemplo, o feto herda de ambos os pais um gene chamado IGF2, que promove o crescimento. Mas crescimento excessivo taxa a mãe, e no desenvolvimento normal seu gene IGF2 é quimicamente sinalizado, ou “carimbado,” e biologicamente silenciado. Se o seu gene estiver ativo, pode causar uma desordem de supercrescimento, pela qual o peso de nascimento do feto fica em média 50% acima do normal. Biólogos chamam esse carimbo no gene de efeito epigenético, significando que ele muda o comportamento do gene sem alterar sua composição química. Não é questão de ligar ou desligar um gene, algo feito pelas células no curso do desenvolvimento normal. No lugar disso, é questão de cobrir um gene, por exemplo, com um marcador químico que torna difícil para a célula ler o código genético; ou alterar a forma da molécula de DNA, ou o que acontece às proteínas que ele produz. Para ilustrar como tal transformação genética pode criar opostos comportamentais -- o yin e yang que a teoria propõe -- Crespi e Badcock apontam a um extraordinário grupo de crianças que são simplesmente isso: opostos, tão temperamentalmente diferentes como Snoopy e Charlie Brown, como um Gaugin cheio de vida e um ameaçador Goya. Aqueles com a doença genética chama Síndrome de Angelman praticamente dançam o dia todo, têm dificuldades de comunicação e necessitam de cuidados constantes. Aqueles nascidos com o problema genético conhecido como Síndrome de Prader-Willi são plácidos, complacentes e, quando jovens, não dão muito trabalho. Mas essas duas doenças, que aparecem em cerca de um a cada 10.000 recém-nascidos, derivam de rompimentos da mesma região genética no cromossomo 15. Se os genes do pai são dominantes nessa região, a criança desenvolve a síndrome de Angelman; se forem os da mãe, o resultado é a Prader-Willis, como apontaram Haig e outros. A primeira é associada ao autismo, e a segunda com problemas de humor e psicose -- exatamente como prevê a nova teoria. Problemas emocionais como depressão, ansiedade e doença bipolar, examinados por esta lente, aparecem no lado materno da gangorra, com a esquizofrenia, enquanto a síndrome de Asperger e outras deficiências sociais estão no lado paterno.


fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL861598-5603,00-GENES+DOS+PAIS+ESTAO+COMPETINDO.html