Jovem autista fabrica réplicas do "Caveirão" no Rio
Adorado pela polícia, para quem é sinônimo de proteção, e odiado pelos bandidos, que o têm como um alvo a ser destruído, o "Caveirão" virou motivo de inspiração e conseqüente fonte de renda de um jovem autista. Morador de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, W.L., 26 anos, faz réplicas do veículo blindado da PM há cerca de um ano. Nesse período, já vendeu mais de 50 exemplares só para homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope).
Feitas com papel de jornal, verniz, cola, tinta, garrafas pet e madeira, as miniaturas do "Caveirão" chamam a atenção pela perfeição. As réplicas do blindado têm detalhes como retrovisores e protetores de vidros e pneus. Para conseguir um resultado tão fiel aos originais, o rapaz usa uma lâmpada de 100 watts bem próxima ao seu rosto. Isso porque, além da dificuldade de socialização - trazida pelo autismo -, ele tem a visão mais debilitada a cada ano, escuta pouco e não fala.
A criação do jovem artista agradou tanto que, somente no Bope, há uma encomenda de 160 miniblindados. W. também recebeu outros 80 pedidos feitos por policiais de outros batalhões. Cada réplica custa R$ 25. O preço foi fixado pelo próprio rapaz, que administra seus lucros e dificilmente dá descontos aos clientes.
Um dos fãs de W. é o comandante do Bope, tenente-coronel Pinheiro Neto, que decidiu comprar os "Caveirinhas' para dar de brinde às autoridades que visitam o batalhão. "Fiquei impressionado com o trabalho dele. O governador Sérgio Cabral e o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, já ganharam os seus", contou o policial.
De acordo com o oficial, as miniaturas já chegaram até nos Estados Unidos, por meio da delegação da Escola Superior de Guerra americana, que recebeu o agrado no início do ano.
A idéia de fazer os "Caveirinhas" surgiu a partir das várias fotografias dos veículos que eram publicadas nos jornais. "O blindado passou a ser inspiração há um ano, quando W. começou a ver muitas fotos do carro no jornal", contou um amigo do jovem. Para completar, ano passado, o rapaz visitou o Bope, em Laranjeiras. Em sua ida ao quartel, W. aproveitou para tocar e observar atentamente todas as características do blindado.
Esculturas de tanques, pássaros e lequesO interesse de W. por esculturas de papel começou quando ainda era criança. "Ele assistia a programas educativos na TV e copiava. Depois foi desenvolvendo sozinho", afirmou pessoa próxima à família do jovem.
O rapaz não faz somente réplicas do Caveirão. Entre os vários trabalhos que produz estão tanques de guerra, pássaros, leques e caravelas. Segundo um amigo da família, algumas peças chegam a custar R$ 90.
Tanto talento acabou chamando a atenção de uma loja de Nova Iguaçu, interessada em vender os trabalhos do jovem. "Não aceitamos porque ele não tem condições de produzir em série. Ele trabalha quando quer, não faz nada por obrigação. Não posso e nem quero obrigá-lo a trabalhar", explicou o pai. W. só trabalha durante a madrugada, sobre uma mesa que fica em um cômodo que seria a ampliação da cozinha, mas cuja construção não foi concluída. Na casa, localizada no bairro Botafogo, ele mora com o pai, uma irmã e um sobrinho.
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