sábado, 6 de fevereiro de 2010

Psicólogo brasileiro é nomeado professor titular na faculdade de medicina de Yale

Um psicólogo brasileiro foi recentemente apontado como Professor Titular do departamento de Psiquiatria e Psicologia da Criança da Universidade de Yale em New Haven, Connecticut. Ami Klin vem se destacando nos estudos e pesquisas sobre o autismo e é reconhecido mundialmente pelo conhecimento em outras sérias desordens do desenvolvimento.
O professor foi oficialmente nomeado no dia 1º de julho e a carreira dele em Yale já tem 20 anos. Como diretor do Programa de Autismo do Centro de Estudo da Criança em Yale, Ami Klin presta serviços clínicos às crianças com autismo e às famílias delas.
Segundo ele, o autismo tem muitas causas, sendo a mais importante delas a genética. Ainda segundo ele, o autismo não pode ser detectado até aproximadamente o primeiro ou o segundo ano de vida da criança. De acordo com o professor, houve muitos avanços em relação aos estudos do autismo, de 5 a 10 anos para cá. “Mas nada ainda que se traduz a uma maneira de se detectar o autismo antes da criança nascer”, disse ele.
Apesar do autismo ser uma síndrome genética que envolve o desenvolvimento do cérebro social, a detecção é puramente comportamental, segundo o professor. Geralmente um grupo de clínicos de diferentes disciplinas analisa a criança, a fim de ter uma idéia da história, do desenvolvimento e do perfil da criança.
“Tanto do ponto de vista de habilidades como inteligência, linguagem, como do ponto de vista de sintomas que tem a ver com o autismo, que são dificuldades na relação social e na comunicação”. Tudo o que tem a ver com o desenvolvimento social de um bebê, como a fala e sons (geralmente dos 14 aos 18 meses), linguagem e comunicação visual devem ser observados pelos pais. Se por exemplo a criança não reagir ao chamado deles, o professor recomenda procurar um clínico. Quanto mais cedo a criança for diagnosticada, melhor será o prognóstico dela.
O autismo é definido como uma desordem global do desenvolvimento que afeta a capacidade de comunicação e de se relacionar. Um mito bastante comum é o de que o autista vive em um “mundo próprio”. Por exemplo, uma criança autista que fica observando as outras brincarem apresenta dificuldade de iniciar, manter e terminar uma conversa, e desinteresse nas brincadeiras.
Formado em psicologia com ênfase em neurociência cognitiva pela Universidade Hebraica de Jerusalém, Israel, Ami Klin fez doutorado em psicologia cognitiva em Londres, Inglaterra. Após um período de pós-doutorado na Universidade de Yale, foi designado para ser membro da faculdade da escola de medicina. Os pais do professor são europeus que passaram pelo Holocausto e se estabeleceram no Brasil.
O psicólogo ressaltou que os portadores de autismo apresentam variações como não falar ou falar demais, se isolar ou procurar outras pessoas mas não saber como se relacionar. “60% dos autistas tem retardo mental mas 40% não tem”. Estas variações, segundo ele, dão uma idéia de como a criança será no futuro.
Conscientização
Nos Estados Unidos as crianças com distúrbios como o autismo tem direito a tratamento feito através dos distritos escolares. A instituição do governo Birth to Three avalia e trata as crianças com menos de 3 anos de idade, bem como orienta os pais. Após os 3 anos o tratamento é feito através das escolas. Segundo o psicólogo, as escolas de Connecticut são obrigadas a suprir este tratamento. “Parte do programa de tratamento é os pais conhecerem mais este distúrbio de desenvolvimento e ver o que eles podem fazer em casa para ajudar também”.
Uma das preocupações da equipe onde o professor Klin atua está em saber como atingir as comunidades que não procuram a eles. “Principalmente pais de crianças que tem este problema mas que não tem uma conscientização maior dos recursos que existem na comunidade, e nós somos um deles”.
O fato de ser brasileiro não é relevante na área dele, levando em conta que o programa de autismo de Yale é um dos melhores e mais respeitados do mundo. “As pessoas se preocupam mais com a qualidade do trabalho e da ciência do que com a origem da pessoa. Neste ponto de vista, Yale é uma comunidade muito cosmopolita e as pessoas não são julgadas pela sua origem mas pelas suas contribuições. Assim que me sinto respeitado”.
Em visita a várias cidades do Brasil, feitas especialmente para elevar a conscientização sobre o autismo, Klin encontrou bastante dificuldade. “Não existe o mesmo tipo de publicidade e divulgação, como por exemplo nos EUA, e isto é um problema”. Segundo o psicólogo, os pais no Brasil não tem muito poder cultural. “Espero que algum dia isto mude no Brasil, para que este número vasto de crianças que existe lá com problema de autismo tenha uma possibilidade maior na vida”.
O trabalho de Ami Klin pode ser conhecido através do website http://www.autism.fm./ Contatos com o Birth to Three em Danbury podem ser feitos na Hayestown Avenue School, 42 Tamarack Avenue, telefone (203) 797-4832. O site oficial do Birth to Three é http://www.birth23.org./
Fonte: Por: Angela Schreiber no site ComunidadeNews

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