quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Alexandre - uma linda história de superação

Esta foto é apenas ilustrativa. Não pertence a matéria publicada
Cheio de planos
Alexandre Barbosa da Silva não aceitou o rótulo que a vida lhe deu: autista. Queria mais e, com a ajuda dos livros, conseguiu.


Nesta quarta-feira, o testemunho de Alexandre Barbosa da Silva. Ainda bebê ele foi considerado autista. Hoje, cursa o sétimo semestre de Medicina Veterinária.
Um menino que não conheceu os pais, morou até os 19 anos em um orfanato e ainda foi considerado autista, portador de uma síndrome que torna o convívio social bastante difícil. Qual o futuro? No caso de Alexandre Barbosa da Silva, 31 anos, um futuro promissor. Em algum momento ele decidiu que teria um diploma e uma profissão. Estudou e está perto de concluir o curso de graduação.
“A vida é simples. É tomar decisões e não se arrepender. Entrei no Zoológico de Brasília com mais ou menos 15 anos e fui contratado com 18, na educação ambiental, onde estou até hoje. Eu faço Medicina Veterinária, estou no sétimo semestre, o que também vai me ajudar no Jardim Zoológico. Eu pretendo ser médico veterinário. Quero trabalhar com animais silvestres e domésticos”, conta Alexandre.
“Chegar a freqüentar uma universidade foi uma grande conquista pra mim. Não fui uma criança com padrões normais de crescimento, de convivência. Eu fui morador de um orfanato. Pelo que eu pude entender, fui abandonado pelos meus pais e acolhido pelo Nosso Lar, onde fiquei até completar 19 anos”.
Ao visitar o orfanato, junto com a equipe do Bom Dia DF, Alexandre apresenta as suas três mães. Antes, é recebido com muitos beijos e abraços. “Tia Valquíria, tia Patricia e tia Nilce. São as minhas mães. As mães que me criaram no Nosso Lar”.
“Ele começou a trabalhar no Jardim Zoológico com 16 anos. Com essa idade já amava os bichos. Era um problema, porque ele chegava a esconder os bichos aqui na casa. Mas ele começou a trabalhar e a se envolver realmente”, lembra a “tia” Valquíria, assistente social.
“Ninguém acreditava que ele pudesse pelo menos concluir o segundo grau. E agora nós temos essa surpresa: ele vai se formar em Medicina Veterinária. No próximo ano deve sair concurso publico, inclusive para médico veterinário do zoológico. Com certeza ele fará o concurso e, se Deus permitir, será aprovado. Está tudo conspirando para que ele se torne funcionário de carreira, um veterinário de carreira do Jardim Zoológico”, conta o diretor do Zoológico de Brasília, Raul Gonzáles.
“O Alexandre chegou ao Nosso Lar ainda bebê e como ele vivia se balançando, o médico deu o diagnóstico de autismo”, recorda “tia” Valquíria.
“Ele tinha algumas característica de autismo. O próprio balançar do corpo, que depois nós vimos que era carência, e também um problema de vista muito grande. Ele ainda tem um grau muito alto. Na época, por se tratar de um bebê, não houve um diagnóstico rápido”, completa “tia” Patrícia, também assistente social.
“Eu comecei a trabalhar no orfanato em 1997. Quando cheguei, me avisaram que o Alexandre era autista. Nós começamos a observá-lo e descobrimos que, apesar das características, no geral ele não demonstrava ser uma criança com autismo. Nós começamos a trabalhar com ele a estimulá-lo, a estar perto dele. Com o tempo ele foi desenvolvendo e, em 1992, época da Eco 92, ele fez uma redação maravilhosa. Naquele ano o Alexandre foi alfabetizado. De 87, como autista, para 92, alfabetizado e já preocupado com a preservação do planeta, nós vimos que aquele menino tinha futuro”, revela Patrícia.
“Uma das minhas maiores preocupações era como pagar a faculdade. O Nosso Lar batalhou uma bolsa junto comigo. Hoje eu tenho uma bolsa de 70% e o Nosso Lar me ajuda a pagar os outros 30%. Se você faz sua parte e mostra que você merece, as pessoas acabem vendo isso e ajudando, como eu estou sendo ajudado. Sozinho ninguém consegue nada”, ressalta o futuro veterinário.
“Atualmente eu moro na Quadra 2 da Candangolândia, no segundo andar do Edifício Jasmilino. Pra mim, ter um lar é uma parte muito importante. Mesmo que seja pequeno, mas é um lar onde eu posso colocar as minhas coisas, crescer do meu modo. E foi a educação que me proporcionou isso”.
“Ao ver as crianças que moram no Nosso Lar, penso que sai das mesmas condições que eles estão agora. Na verdade, sou a prova de que ao saírem do orfanato eles também terão condições de correr atrás do que eles querem. Basta traçar um objetivo e correr atrás. O primeiro passo é querer, ter esperanças”, ensina Alexandre.


Produção e reportagem: Fernanda GalvãoEdição de texto: Liliane CardosoImagens: José Carlos Gonçalves e Edson CordeiroEdição de imagens: Isaac Gramacolhttp://dftv.globo.com/Jornalismo/DFTV/0,,MUL444332-10041,00.htm

2 comentários:

  1. adorei uma linda historia de superaçao mesmo!!
    parabens alexandre !!!!vc ja é um vencedor!!!

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  2. Parabéns, essa é a prova de que o mais importante não aquilo que fizeram conosco, mas o que nós vamos fazer diante daquilo que fizeram conosco.

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